junho 15, 2010

Jack Kerouac, um Andarilho Iluminado

19º colóquio, realizado em 14 de Junho.

1. Biografia

- Nasceu em Lowell (Massachusetts), no dia 12 de Março de 1922.
- Estudou na Universidade de Columbia, onde chegou a participar do time de futebol americano. Largou a universidade, e naqueles ano em NY conheceu alguns de seus maiores amigos: Allen Ginsberg, William Burroughs e Neal Cassady.
- Viagens: entre 1947 e 50, Kerouac empreendeu três viagens pelos Estados Unidos, cujas experiências serviriam de inspiração para a maioria de seus livros, os quais eram redigidos em rompantes de inspiração (“Os Subterrâneos”, por exemplo, foi escrito em 3 dias). Entusiasta do jazz; embora católico fervoroso, também se aproximou do budismo.
- Alcançou a fama em 57, com o sucesso de “On The Road”, livro que demorou seis anos para finalmente ser aceito por uma editora. Porém, a fama não lhe trouxe empolgação, e a má aceitação de seus romances posteriores, assim como os excessos da “geração hippie” muito lhe desagradaram. Apoiou a Guerra do Vietnã, votou em Nixon e foi morar com a mãe, na Flórida. Tornou-se alcoólatra.
- Principais obras: “On The Road” (1957), “Os Subterrâneos” (1958), “Os Vagabundos Iluminados” (1958), “Tristessa” (1960) e “Visões de Cody” (edição definitiva foi póstuma, 1971).
- Morreu em 21 de Outubro de 1969, na cidade de São Petersburgo (Flórida), vítima da cirrose.

2. “On The Road: Pé na Estrada”

- “Eles [Carlo e Dean] dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante – pop! – pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos ‘aaaaaaah!’” (p. 25)
- “Eu queria conhecer Dean melhor não apenas porque eu era um escritor e precisava de novas experiências, ou porque minha vida de vagabundagem pelo campus tinha completado seu ciclo e se tornaram absurda, mas porque, de alguma forma, apesar da nossa profunda diferença de caráter, ele me fazia lembrar um irmão há muito esquecido; (...) evocava recordações da minha infância naqueles depósitos de lixo sombrios e nas margens e reentrância do rio Passaic em Paterson. (...) Todos os meus amigos de então eram ‘intelectuais’ (...) ou então eram criminosos foragidos (...) Mas a inteligência de Dean era muito mais brilhante, formal e completa, sem nada daquela intelectualidade tediosa. (...) Além disso, todos os meus amigos nova-iorquinos estavam numa viagem baixo-astral, naquele pesadelo negativista de combater o sistema, citando suas tediosas razões literárias, psicanalíticas ou políticas, enquanto Dean simplesmente mergulhava nessa mesma sociedade, (...) pouco se lixando para tudo isso, ‘desde que eu descole uma gata mansa e linda com aquele lugar entre as pernas, garoto’ ou ‘contanto que eu arranje o que comer, meu filho, sacou?” (pp. 27-28)
- “Senti uma espécie de conspiração no ar, e esta conspiração confrontava dois grupos de gangue: Chad King, Tim Gray e Roland Major, junto com os Rawlins, basicamente dispostos a ignorar Dean Moriarty e Carlo Marx. Eu estava bem no meio deste curioso confronto. Era uma guerra com conotações sociais. Dean era filho de um bêbado...” (p. 61)
- “Não havia música, apenas dança. O lugar lotou inteiramente. As pessoas começaram a trazer garrafas. Caíamos fora para curtir os bares e voltávamos voando. A noite estava se tornando mais e mais desvairada. Deseja que Dean e Carlo estivessem ali – aí percebi que estariam deslocados e infelizes. Eles eram exatamaente como o homem melancólico da pedra que geme na masmorra, erguendo-se dos subterrâneos, os sórdidos hipsters da América, uma inovadora geração beat, com a qual eu estava me ligando lentamente.” (p. 78)
- “Tinha comprado minha passagem e estava esperando pelo ônibus para LA quando, subitamente, vi a mais deliciosa garota mexicana. (...) Uma angústia trespassou meu coração, como acontecia sempre que via uma garota pela qual estava apaixonado indo na direção oposta neste mundo grande demais. (...) Seu estúpido idiota, fale com ela! O que há de errado com você? Já não está cansado de si próprio? (...) E antes que pudesse perceber o que fazia, debrucei-me sobre o corredor na direção dela (...) e disse: ‘Moça, gostaria de usar minha capa de chuva como travesseiro’? Ela me olhou sorrindo e disse: ‘Não, muito obrigada’. (...) Falávamos e falávamos. Ela disse que estava adorando conversar comigo. (... O ônibus venceu, trôpego, o Grapevine Pass e então já estávamos descendo em direção à luminosa imensidão. Ficamos de mãos dadas, sem nenhuma autorização especial e (...) ficou pura, linda e silenciosamente decidido que assim que eu arranjasse um quarto de hotel em LA lá estaria ela, ao meu lado.” (pp. 109-111)
- “E então chega o dia da indiferença, em que o cara descobre que é um desgraçado, um miserável, fraco, cego e nu, e com a aparência de um fantasma fatigado e fatídico avança trêmulo por uma vida de pesadelo. Me arrastei para fora da estação, desfigurado. Estava fora de mim. (...) De repente, lá estava eu na Times Square (...) observando com os meus inocentes olhos de estradeiro a loucura completa e o zunido fantástico de Nova York com seus milhões e milhões de habitantes atropelando uns aos outros sem cessar em troca de uns tostões, um sonho maluco (...), o lugar onde nasceu a América das Notas Promissórias. (...) Ao chegar em casa, comi tudo que havia na geladeira. Minha tia (...) foi se deitar e, ainda tarde da noite, eu não conseguia adormecer, fiquei só fumando na cama. Meu manuscrito, pela metade, estava sobre a escrivaninha. Era outubro, em casa, trabalho outra vez. (...) Agora era tarde demais e, além disso, eu havia me desencontrado de Dean.” (pp. 138-141)
- “Compreendi que somente devido à estabilidade da Mente essencial é que essas ondulações de nascimento e morte aconteciam, como se fosse a ação do vento sobre uma lâmina de água pura e serena como um espelho. Senti uma satisfação suave (...) Pensei que ia morrer naquele exato instante. Mas não morri e caminhei uns sete quilômetros (...) Eu era jovem demais para perceber o que havia se passado. (...) Acrescente neblina, neblina úmida que te deixa faminto, e o pulsar do néon da noite suave, o crepitar dos saltos altos das beldades, pombas brancas na vitritne de uma mercearia chinesa... Foi nesse estado que Dean me encontrou quando finalmente decidiu que valia a pena me salvar.” (pp. 217-218)
- “Bati na porta dele às duas da manhã. Ele veio abrir a porta nu em pêlo; poderia ser o presidente dos Estados Unidos batendo que ele estava pouco se lixando. Recebia todo mundo peladão. ‘Sal’, exclamou, com espanto genuíno. ‘Nunca imaginei que você faria isso. Finalmente voltou pra mim.” (pp. 226)
- “E então surgiu um grupo de jovens músicos de bop, desembarcando dos carros com seus instrumentos. (...) E lá estávamos nós! (...) o líder da banda, aquele gato maneiro, lhe dá uns toques pra não se preocupar e apenas tocar e tocar – o som em si e a exuberância compenetrada da música, isso é tudo que lhe que importa! (...) Havia ainda algo a escutar. Sempre há mais, um pouco além, nunca acaba! Eles se esforçaram para encontrar novas frases musicais... (...) Retorceram-se, se enroscaram, sopraram. De vez em quando um gemido preciso e harmonioso sugeria uma nova melodia que algum dia poderia se transformar na única música do planeta Terra, enchendo de alegria os corações dos homens” (pp. 293-297)
- “‘Falar? Claro, falar. Gosta México?’ Era difícil se entender sem uma língua comum. Então todos ficaram quietos, (...) gozando a brisa do deserto e curtindo individualmente suas próprias idéias, raciais e nacionais, de elevada eternidade. Já era tempo de sair em busca das garotas (...), e regressamos lentamente ao centro da cidade, aos solavancos. Mas agora todo esse sacolejar já não era desagradável; foi a mais aprazível, graciosa e trepidante jornada do mundo, como se estivéssemos navegando sob o azul do mar (...) Na rua, recostados nas persianas de madeira das janelas do bordel, estavam dois policiais de calças frouxas, sonolentos e de saco cheio, que nos dirigiram olhares de fugaz interesse enquanto entrávamos (...), e, seguindo o conselho de Victor, demos o equivalente a 24 centavos para cada um deles – só para manter as aparências. E lá dentro encontramos as garotas.” (pp. 344-346)
- “O velho Dean se foi, pensei, e disse em voz alta: ‘Ele vai ficar bem’. (...) Assim, na América, quando o sol se põe e eu sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de Nova Jersey, (...) eu penso em Dean Moriarty; penso até no velho Dean Moriarty, o pai que jamais encontramos; eu penso em Dean Moriarty.” (pp. 371-372)

3. Influência

- Geração beat: ele foi o mais famoso expoente de uma corrente artística que revolucionou a literatura americana a partir da década de 1950. A filosofia de vida do grupo poderia ser resumida na seguinte frase: “É melhor fazer e não se arrepender do que pensar, não fazer e se arrepender depois”.
- Movimento hippie: é inegável a influência dos livros de Jack Kerouac para a contracultura que marcou os EUA (e o mundo) no final dos anos 60. A mensagem libertária e emancipatória trazida por eles inspirou milhares de jovens a darem um novo rumo para suas existências.
- Prosa espontânea: sua combinação de fluxo de consciência com uma escrita informal e com pouca pontuação foi bastante influente, renovando a prosa americana do século XX. A pecha de “sub-literatura” não traduz a riqueza poética de Kerouac e aqueles que se inspiraram na sua obra; o New Journalism, p. ex.
- Bob Dylan e Jim Morrison são exemplos de músicos cujas vidas foram impactadas pelo autor. O primeiro fugiu de casa e virou cantor folk; o segundo fundou The Doors.
- Gus Van Sant, Francis Ford Coppola e Johnny Depp, em meados dos anos 90, tentaram fazer uma adaptação de “On The Road”, enaltecendo as sutis camadas de homo-erotismo do livro.
- Após anos de negociação, Walter Salles dirigirá um filme baseado em “On The Road”.

Thoreau e o Indivíduo em Contato com a Natureza

6ª reunião do grupo de Estudos Humanistas, realizada em 11 de Junho.


1. Biografia


• Henry David Thoreau nasceu em 1817, na cidade de Concord.
• Formou-se em Literatura Clássica e Línguas pela Universidade de Harvard. Chegou a ser professor durante alguns anos, mas seus métodos heterodoxos (por exemplo, passeios de campo e não aplicar castigos físicos) geraram críticas e divergências com a escola. Trabalhou durante algum tempo como conferencista e escritor.
• Ligou-se ao Transcendentalismo, que acreditava em um estado espiritual ideal que transcendia o empírico e o prático, sendo realizável somente pela intuição do indivíduo. Tal movimento era formado por escritores como Ralph Waldo Emerson, mas Thoreau não concordava com algumas reflexões mais místicas do grupo, alegando ter maior foco na vida e no presente.
• Foi preso em 1846, por sonegação fiscal; já fazia seis anos que ele se recusava a pagar impostos. Sua tia, no entanto (e contra a vontade de Thoreau), pagou a fiança, e ele foi solto no dia seguinte. Esta experiência o marcou profundamente, e influenciaria seus escritos e atuação pública dali em diante.
• Em sua última década, demonstrou grande interesse por botânica, história natural e narrativa de viagens e expedições. Morreu de tuberculose aos 44 anos, em 1862, em sua cidade-natal.

2. Interpretação


• O autor morou dois anos perto do lago Walden, em um estilo de vida modesto, vivendo com o mínimo de recursos possível. Sendo assim, construiu a sua própria casa, plantou um jardim e, gastando o mínimo possível, comprou e cultivou comida.
• O livro possui certa alternância entre capítulos mais descritivos e analíticos, sempre marcados pelo humor e a perspicácia do autor ao observar a mesquinhez da vida urbana e o desprezo do homem moderno pela natureza. “Walden” possui um estilo bem metafórico, repleto de aforismos.
• Quem nada possui não luta com encargos desnecessários herdados. Quanto mais se possui, mais pobre se é, pois um homem é rico em proporção ao número de coisas de que pode prescindir.
• A opinião pública é uma débil tirana; o que indica o destino de um homem é o que ele mesmo pensa de si. Talvez seja pela resignação à própria autonomia que a maioria dos homens leva vidas de sereno desespero. Eles não percebem que existem outros tipos de vida além daqueles que aceitam ou consideram como bem sucedida.
• São poucas as coisas realmente necessárias à vida; dentre aquelas indispensáveis, são apenas quatro: alimento, abrigo, roupa e combustível. Infelizmente, coisas supérfluas são freqüentemente elevadas ao status de necessidade. As pessoas poderiam lidar melhor com a realidade, pois é somente a ela que almejamos em se tratando de vida ou morte.
• O autor diz que, se houvesse um público-alvo para o seu livro, seriam os estudantes pobres. Como viver – e em liberdade – da maneira mais econômica possível? É desejável que cada um se empenhe em descobrir e seguir seu próprio caminho; a auto-manutenção, se conduzida com sabedoria e simplicidade, é um passatempo, e não um sofrimento.
• O autodidatismo e a atitude “faça você mesmo” são louváveis; de que adianta, por exemplo, estudar economia política se o estudante não aprende a economia de viver, sinônima da filosofia? Com isso, o aluno aprende Adam Smith, Ricardo e Say, mas faz com seu pai fique irremediavelmente endividado.
• Thoreau afirma que foi para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontando-se apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que tinha a lhe ensinar, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido. Compete a todo homem fazer a própria vida, inclusive nos pormenores, para que suas horas mais elevadas e críticas sejam dignas de contemplação.
• Nossa vida é como uma Confederação Germânica, composta de pequenos estados com as fronteiras sempre flutuando. Uma vida mesquinha, sem simplicidade, é lamentável, na medida em que não valoriza uma conduta calma e sábia.
• O autor não gosta de ler jornais, pois acha a maioria esmagadora das notícias repetitivas, sem novidades e pouco notáveis. Se a pessoa já se familiarizou com um princípio, que importam os inúmeros exemplos e aplicações?
• O famoso capítulo “Leituras” critica a falta de uma cultura letrada em Concord, e faz uma defesa das letras clássicas e de uma literatura mais sofisticada: Os livros encerram o mais precioso tesouro do mundo e a digna herança das gerações e nações. Só escalando esse monte de sapiência é que podemos ter a esperança de alcançar os céus algum dia.
• Os clássicos têm a qualidade de serem íntimos e universais; encerram em si verdades imortais, ensinando-nos a sabedoria e a liberdade. Eles nos treinam para a vida, revelam faces inéditas das coisas. Quantos de nós não inauguramos nova etapa na vida a partir de um livro?
• Para o autor, não podemos ser uma raça de homens-passarinhos cujos vôos intelectuais mal alçam um pouco acima das colunas do jornal. O hábito cômodo da leitura fácil pode levar ao embotamento da visão, a paralisia da circulação vital, o delíquio (desfalecimento) generalizado e o despojamento de todas as faculdades intelectuais. Além disso, reflete uma negligência pela educação, inclusive se considerarmos os gastos públicos nessa matéria.
• Thoreau exorta-nos a construir um arco de sabedoria sobre o abismo escuro da ignorância que nos isola. Que sejamos como o fidalgo de bom gosto que se cerca de tudo quanto contribui para a sua cultura: gênio, erudição, espírito, livros, quadros, estátuas, música, instrumentos filosóficos etc.
• Somos parte integrante da natureza. Ela é como os remédios botânicos de nossa universal e vegetal bisavó, a pílula que nos mantêm bem, serenos e satisfeitos. Sendo ela uma perene fonte de vida, não faz sentido acreditar que alguém que vive fora da sociedade está se isolando. “Deus é só, porém o diabo é legião”. Afinal, a própria sociedade é apenas um ponto no universo. Sendo assim, o contato com a natureza reflete uma aceitação de leis ainda mais sagradas que a do grupo social. Portanto, Thoreau diz que, nos bosques, vive em solidão, mas não solitário, pois está ligado ao ambiente.
- O autor faz um elogio do senso comum enquanto fonte de conhecimento social no capítulo “Visitas”. Ele faz um relato sobre um lenhador canadense com quem fez amizade; era um sujeito que ainda não tinha a doença e o vício que empenam moralmente o mundo. Dotado de humildade, simplicidade e inocência, ele prezava pela verdade e a franqueza. Embora seu lado intelectual e espiritual estivessem cochilando como numa criancinha, e seu entendimento das coisas muitas vezes seguisse um estrito utilitarismo, o lenhador tinha opinião própria, uma casa rara entre as pessoas da região. Certa vez, perguntaram-lhe se não queria que o mundo mudasse; sua resposta desconcertante foi “Não, gosto bastante dele”. Ele tinha certa originalidade positiva, com observações e explicações (ex.: conveniência do dinheiro) tão boas quanto a de um filósofo. Sendo assim, era como um “príncipe disfarçado”, que provava a possibilidade de um homem de gênio nas classes sociais baixas.
• A natureza é um antídoto contra a melancolia, pois nos deixa ligados a sentidos serenos. Não podemos deixar que as companhias ocupem excessivamente nosso tempo, prejudicando nossa tranqüilidade e independência. Hospitalidade é diferente de caridade. Somos mais humanos quando estamos diante de apenas nós mesmos. Aceitar a suposta liga de defesa mútua que o povoado pretende ser seria como viver em promiscuidade, sem respeito mútuo.
• Em sua casa, Henry David Thoreau tinha três cadeiras: uma para a solidão, duas para a amizade e três para as reuniões. As companhias podem ser agradáveis, boas visitas, contanto que saibamos estabelecer limites, evitando pessoas que incomodam, ou um espírito de comunidade que pode ser perigoso se excessivo, deixando-nos mortos em vida. Os indivíduos são como nações, com fronteiras e territórios neutros entre eles.
• Há uma duplicidade de instintos: a vida espiritual e a vida selvagem. Por serem dotados de disposições mais favoráveis para observar a natureza nos intervalos (ao contrário dos filósofos e poetas, que se aproximam dela já com expectativas), os pescadores, caçadores, lenhadores e demais pessoas que passam a vida em campos e bosques são homens por excelência. Aliás, nesse sentido o caçador é o melhor amigo dos animais, mais até que a Sociedade Protetora.
• A boa ciência é aquela que relata o que já sabemos na prática; ou seja, o que já aprendemos com a experiência humana. Deve-se buscar a dieta mais simples e saudável, pois a sobriedade, inclusive sob a forma de castidade e pureza, é preferível à sensualidade, ao apego material excessivo. A oposição comida x apetite elucida tal idéia.
• Toda a nossa vida é surpreendentemente moral, sem um só instante de trégua entre a virtude e o vício. A bondade é o único investimento que nunca falha.
• Outro grande momento de “Walden” é a descrição de uma batalha de formigas (ruivas “republicanas” x pretas “imperialistas”), no capítulo “Vizinhos Irracionais”. Em uma guerra que possuía a verdade acepção de “bellum”, as combatentes lutavam com ferocidade. Pareciam até mesmo dotadas de patriotismo e heroísmo, em um verdadeiro duelo do tipo “Vencer ou morrer”. Eis um dos exemplos para ilustrar a idéia de que os animais são como bestas de carga que transportam boa parte de nossos pensamentos, muitas vezes revelando pureza e inteligência esclarecida pela experiência.
• Todo homem é senhor de seu reino, Colombo de seus continentes. Por isso, muitas vezes, o patriotismo é como uma larva que se instala na cabeça das pessoas. É preciso ter visão e coragem para aceitar o preceito “Conhece-te a mim mesmo”; são os covardes e derrotados que vão para as guerras.
• A questão não é se o homem deve se colocar em oposição à sociedade, mas sim a manutenção de uma atitude compatível com as leis de seu ser, as quais não estarão em oposição às leis governamentais – se, é claro, ele tiver a sorte de se defrontar com um governo justo.
• Comparados com os antigos ou mesmo com os elisabetanos, será que os americanos são anãos intelectuais? Não, pois cada um deve se ocupar de seus próprios afazeres. Mais vale um cão vivo que um leão morto. As coisas não mudam; somos nós que mudamos: eis o argumento que Thoreau utilizou para, dois anos e meio depois, abandonar os bosques. Alegou que ainda tinha várias vidas para viver.
• Mais que amor, dinheiro e fama, que se dê a verdade. A lucidez é digna de elogio, pois uma pessoa deve priorizar o tem que dizer e não o que deveria dizer. A auto-complacência é uma característica lamentável de nosso século (XIX), tão desassossegado, nervoso, dinâmico e vulgar. Mesmo assim, a vida bela e alada pode se fazer ouvir, em meio às camadas concêntricas de madeira da vida seca e morta da sociedade. Só amanhece o dia para o qual estamos acordados.
• Pode-se afirmar, após a leitura de “Walden”, que Thoreau vê a libertação como emancipação de necessidades artificiais, assim como um maior contato com a natureza. Para ele, o indivíduo jamais deve se deixar escravizar pela opinião pública. Ou seja, enfrentar e viver a vida, mesmo se sua conduta for encarada como “extravagância”. O que importa é avançar confiantemente, esforçando-se por viver a vida que se imagina e quer.


3. Revisão Bibliográfica


• “Walden, de Henry David Thoreau é uma celebração do mundo natural e uma sugestão de escape à sociedade industrial (que, à época, se econtrava nos seus primórdios). Um escape radical à organização mecânica da sociedade humana, um escape poético, idealista: que o homem moderno abandone as suas máquinas, as suas posses, as regras opressoras de uma sociedade viciosa e, plena e sabiamente, regresse à selva. (...) Walden é, apesar da sua composição cuidada e quase poética, um manifesto prático. Thoreau não pretendia apenas mostrar como a vida no campo poderia ser agradável; queria descredibilizar a sociedade industrial do Século XIX, demonizar o progresso e o desenvolvimento material. (...) Dois anos de isolamento, de vida simples, de observação da natureza e de procura de uma transcendência vagamente impossível no centro de uma sociedade industrializada, produziram um livro belo e intensamente poético, escrito com mestria e cheio de boas intenções. Boas intenções que inspiraram, e ainda inspiram, a seita ambientalista - que nos nossos dias é mais uma regra do que a excepção corajosa que era quando Thoreau compôs o seu Life in the Woods - , ou o movimento hippie, nos anos sessenta.” (blog “Literatura dos Estados Unidos até 1900”)

• “Embora às vezes difícil de se ler por seu tom tão minucioso em relação à contemplação da natureza que Thoreau fez nos dois anos em que morou perto do Lago Walden, a obra é memorável. É raro ver um escritor que consegue encantar tanto o leitor com a celebração de seu estilo de vida. O Henry David Thoreau de "A Desobediência Civil" também está presente aqui, com todo o seu individualismo e misantropia - obviamente, no melhor sentido que tais posturas possam vir a ter.
O livro, embora alterne entre capítulos mais descritivos e outros mais analíticos, tem certas passagens que se sobressaem, seja pelo humor (como a do título) ou pela perspicácia em analisar o quanto a mesquinhez da vida urbana e o desprezo pela natureza podem apodrecer a alma do ser humano. (...) [O capítulo] "Leituras”, [por exemplo], é excelente na tentativa de enfatizar o valor dos clássicos que formaram o chamado Cânone Ocidental. [Devo] reconhecer que, a despeito da distância histórica entre eu e ele - afinal, em 1847 eu talvez gostasse mais de viver em contato com a natureza -, ainda tenho algo a aprender com um sujeito que foi viver nos bosques e que, de tal solidão, retirou uma valiosa experiência de vida.”
(blog “Racio Símio”)

4. Influência


• Embora subestimado na época (Stevenson disse que sua ida aos bosques foi “afeminada”; Emerson dizia que era pouco ambicioso), ao longo dos anos este escritor tornou-se um símbolo da cultura americana. O pensamento social e filosófico dos EUA foram muito influenciados pela abordagem de H. D. Thoreau. Por exemplo, a sua concepção de um individualismo dotado de responsabilidade socioambiental: “é preciso primeiro aprimorar o indivíduo para aprimorar o mundo”.
• Mahatma Gandhi, líder político no processo de Independência da Índia (1947), leu o livro quando estava na prisão, na África do Sul. Quem lhe recomendou a leitura foi o escritor russo Leon Tolstoi.
• Resistência passiva: vários movimentos por direitos civis durante o século XX (inclusive o de Martin Luther King, nos EUA) se inspiraram em “A Desobediência Civil” ao fazer protestos políticos baseados na não-cooperação com o Estado e no pacifismo.
• Libertarianismo: suas posições anti-Estado e favoráveis à liberdade individual, à independência e ao livre mercado foram de grande influência para esta corrente. Segundo o livro "Radicals for Capitalism" (Brian Doherty), que conta a história do movimento libertário, máximas do autor como “O melhor governo é o que governa menos”.
• Ecologia: H. D. Thoreau é considerado um dos primeiros ambientalistas. Ele associava natureza com liberdade, e demonstrava ceticismo quanto ao progresso tecnológico.
• “Na Natureza Selvagem" (“Into the Wild”), filme baseado na história de Christopher McCandless, um jovem que, após se formou, largou família, dinheiro e um futuro certo para viajar pelos EUA, tendo como destino final morar no Alasca. A postura ascética de Chris tem por influência a leitura de autores como Thoreau.

Hedonismo e Transgressão na Poética de Allen Ginsberg

18º colóquio, realizado em 7 de Junho.

1. BIOGRAFIA


- Allen Ginsberg nasceu em 3 de Junho de 1926, em Newark. “Foi uma criança complicada e tímida, dominada pelos estranhos e assustadores episódios de sua mãe, uma mulher completamente paranóica, que acreditava que o mundo conspirava contra ela. Ao mesmo tempo, Allen teve que lutar para compreender o que estava acontecendo dentro dele, já que era consumido pela luxúria de outros meninos de sua idade.
Na escola secundária, descobriu a poesia, mas logo ao ingressar na Universidade de Columbia, fez amizade com um grupo de jovens delinquentes, filósofos de almas selvagens (entre eles Jack Kerouac), obcecados igualmente por drogas, sexo e literatura. Ao mesmo tempo em que ajudava os amigos a desenvolverem os seus talentos literários, Allen perdia de vez a sua ingenuidade, experimentando drogas, freqüentando bares gays em Greenwich Village e vivendo seus affairs homossexuais. Assumindo um estilo de vida bizarro, como se procurasse em si mesmo a face da loucura de sua mãe, Ginsberg acabou em tratamento psiquiátrico”
. (Wikipédia em português)
- “Ler Ginsberg (...) é uma experiência tensa, difícil e por vezes traumática. Contudo, a leitura final desse livro reitera o amor como princípio e fim de tudo. E a inquietude como uma virtude para não sucumbir à opressão e à mediocridade.” (Leonardo Vinhas, do “Scream and Yell”)
- “Traduzir Ginsberg é enfrentar sua prosódia e ritmo, usando a riqueza sonora da fala americana, nisso baseando-se consideravelmente em Williams. É uma poesia sonora, para ser lida também em voz alta. A métrica tradicional é substituída por recursos rítmicos, tais como o contraste entre vogais abertas e fechadas, longas e curtas, como em and battered bleak of brain all drained of briliance (o despovoado deserto do cérebro esvaziado de qualquer brilho) ou em and kind king light of mind, que traduzi como e a suave soberana luz da mente. Procurei manter esses valores sonoros, e o ritmo das suas frases, recorrendo a aliterações e rimas internas.” (Cláudio Willer, tradutor da edição brasileira de “Uivo e Outros Poemas”)
- “Creio que a obra ''beat'' é tão forte que já pode ser tomada como referência literária. Nós tocamos em questões permanentes: o império americano, ecologia, revolução sexual, censura. Também há a questão do ''terceiro caminho'', nem comunismo nem capitalismo, que pregávamos enquanto os intelectuais procuravam extremos do marxismo ou do anticomunismo. Nossa preocupação é alterar estados de consciência e achar soluções ecológicas, não ideológicas.” (o próprio Ginsberg, em entrevista para a Folha em 1994)
- Faleceu em Nova York, aos 70 anos, em 5 de Abril de 1997.

2. “UIVO”


- “Allen Ginsberg wrote the poem "Howl" in the summer of 1955, purportedly at a coffeehouse known today as the Caffe Mediterraneum in Berkeley, California. Many factors went into the creation of the poem. A short time before the composition of "Howl," Ginsberg's therapist, Dr. Philip Hicks, encouraged him to quit his job and pursue poetry full time. (…)He was under the immense influence of William Carlos Williams and Jack Kerouac and attempted to speak with his own voice spontaneously. (…)The first draft contained what would later become Part I and Part III. It is noted for relating stories and experiences of Ginsberg's friends and contemporaries, its tumbling, hallucinatory style, and the frank address of sexuality, specifically homosexuality, which subsequently provoked an obscenity trial. (…)the primary emotional drive was his sympathy for Carl Solomon, to whom it was dedicated; he met Solomon in a mental institution and became friends with him. Ginsberg admitted later this sympathy for Solomon was connected to bottled-up guilt and sympathy for his mother's schizophrenia (she had been lobotomized), an issue he was not yet ready to address directly.”
-> Part I
Called by Ginsberg, "a lament for the Lamb in America with instances of remarkable lamb-like youths," Part I is the best known, and communicates scenes, characters, and situations drawn from Ginsberg's personal experience as well as from the community of poets, artists, political radicals, jazz musicians, drug addicts, and psychiatric patients whom he encountered in the late 1940s and early 50's. These people represent what he considers "the best minds of my generation," an ironic declaration since, in what members of the Beat Generation considered the oppressively conformist and materialistic 50's, those Ginsberg called "best minds" were unrepresented outcasts. The shocking aspect of the poem was further enhanced by Ginsberg's frank descriptions of sexual, often homosexual, acts. Most lines in this section contain the fixed base "who". In "Notes Written on Finally Recording Howl," Ginsberg writes, "I depended on the word 'who' to keep the beat, a base to keep measure, return to and take off from again onto another streak of invention."
-> Part II
Ginsberg says that Part II, in relation to Part I, "names the monster of mental consciousness that preys on the Lamb." Part II is a rant about the state of industrial civilization, characterized in the poem as "Moloch". Ginsberg was inspired to write Part II during a period of peyote-induced visionary consciousness in which he saw a hotel façade as a monstrous and horrible visage which he identified with that of Moloch, the Biblical idol in Leviticus to whom the Canaanites sacrificed children. Ginsberg intends that the characters he portrays in Part I be understood to have been sacrificed to this idol. Moloch is also the name of an industrial, demonic figure in Fritz Lang's Metropolis, a film that Ginsberg credits with influencing "Howl, Part II" in his annotations for the poem (see especially Howl: Original Draft Facsimile, Transcript & Variant Versions). Most lines in this section contain the fixed base "Moloch". Ginsberg says of Part II, "Here the long line is used as a stanza form broken into exclamatory units punctuated by a base repetition, Moloch."
-> Part III
Part III, in relation to Parts I, II, and IV is "a litany of affirmation of the Lamb in its glory," according to Ginsberg. It is directly addressed to Carl Solomon, whom Ginsberg met during a brief stay at a psychiatric hospital in 1949; called "Rockland" in the poem, it was actually Columbia Presbyterian Psychological Institute. This section is notable for its refrain, "I'm with you in Rockland," and represents something of a turning point away from the grim tone of the "Moloch"-section. Of the structure, Ginsberg says Part III is, "pyramidal, with a graduated longer response to the fixed base."
-> Footnote
The closing section of the poem is the "Footnote", characterized by its repetitive "Holy!" mantra, an ecstatic assertion that everything is holy. Ginsberg says, "I remembered the archetypal rhythm of Holy Holy Holy weeping in a bus on Kearny Street, and wrote most of it down in notebook there ... I set it as 'Footnote to Howl' because it was an extra variation of the form of Part II."
-> Rhythm
The frequently quoted (and often parodied) opening lines set the theme and rhythm for the poem:
I saw the best minds of my generation destroyed by madness, starving hysterical naked,
dragging themselves through the negro streets at dawn looking for an angry fix;
Angel-headed hipsters burning for the ancient heavenly connection
to the starry dynamo in the machinery of night.
Ginsberg's own commentary discusses the work as an experiment with the "long line". For example, Part I is structured as a single run-on sentence with a repetitive refrain dividing it up into breaths. Ginsberg said, "Ideally each line of 'Howl' is a single breath unit. My breath is long — that's the measure, one physical-mental inspiration of thought contained in the elastic of a breath."
On another occasion, he explained: "the line length ... you'll notice that they're all built on bop — you might think of them as a bop refrain —chorus after chorus after chorus — the ideal being, say, Lester Young in Kansas City in 1938, blowing 72 choruses of 'The Man I Love' until everyone in the hall was out of his head..."
->Trial: "Howl" contains many references to illicit drugs and sexual practices, both heterosexual and homosexual. On the basis of one line in particular
"who let themselves be fucked in the ass by saintly motorcyclists, and screamed with joy"
customs officials seized 520 copies of the poem on March 25, 1957, being imported from the printer in London.
A subsequent obscenity trial was brought against Lawrence Ferlinghetti, who ran City Lights Bookstore, the poem's new domestic publisher. Nine literary experts testified on the poem's behalf. Supported by the American Civil Liberties Union, Ferlinghetti won the case when Judge Clayton Horn decided that the poem was of "redeeming social importance". The case was widely publicized (articles appeared in both Time and Life magazines).
” (Wikipédia em inglês)

3. INFLUÊNCIA


- “Ginsberg tinha muitos fãs, entre eles Jim Morrison, do grupo The Doors. Morrison era tão viciado nas poesias e obras dele que dizia escrever suas músicas após ter lido algum de seus poemas. Sabe-se que Ginsberg e a banda The Clash eram fãs recíprocos. O poeta fez uma participação especial na música Ghetto Defendant, cantando ao lado de Joe Strummer trechos de um de seus poemas. Ian Astbury, lider da banda The Cult e amigo pessoal dos músicos dos The Clash, que recitava Howl (Uivo) no inicio dos shows, é um grande propagador da obra de Ginsberg, ao qual dedicou a música Bodihsatwa, do seu album solo Cream, que fala sobre zen-budismo e poetas beat.” (Wikipédia em português)
- Influenciados: “Bob Dylan, Wavy Gravy, LeRoi Jones, Robert Lowell, John Lennon, Paul McCartney, Andrei Codrescu, Saul Williams, Hunter S. Thompson, Rage Against the Machine, Beau Sia, Jim Morrison, Patti Smith, John S. Hall” (Wikipédia em inglês)

Introdução - Ciclo sobre Cultura Americana

O projeto Estudos Humanistas, ao longo do mês de Junho, desenvolverá várias atividades no sentido de discutir a cultura dos Estados Unidos. O eixo temático tem a ver com o próprio tema do grupo em 2010: a Liberdade.
O anseio por independência é reconhecido como um traço recorrente da arte e sociedade americanas, atravessando gerações de mediadores culturais, sejam eles de cunho sociopolítico ou estético.
Estudaremos a obra de quatro escritores: Allen Ginsberg, com o poema “Uivo” e sua contestação moral e cultural audaciosamente subversiva; Jack Kerouac, cujo “On The Road” foi epítome dos anseios de toda uma geração que resolveu ‘botar o pé na estrada’ para conhecer melhor a sua própria nação, inclusive como forma de autoconhecimento; J. D. Salinger, que expressa em “O Apanhador no Campo de Centeio” toda a rebeldia, a ansiedade e o deslocamento que marcam a vida de um adolescente; e Henry David Thoreau, que foi pioneiro no individualismo anárquico, tão tipicamente americano, demonstrando também preocupações ambientais e humanísticas.
Além disso, assistiremos a dois filmes: “Johnny vai à Guerra” e “Na Natureza Selvagem”. Com isso, elucidaremos outras facetas da identidade americana (ou contestação da mesma), seja em um contexto bélico ou por meio de um andarilho que, em sua empreitada, sintetiza características discutidas nos romances e poemas anteriormente lidos.
Buscar-se-á, com este ciclo, incentivar novas percepções e discussões sobre as manifestações culturais e artísticas dos EUA, entendendo o que há de erudito em sua faceta pop e vice-versa, tendo como norte a vontade de autonomia e de auto-governo, que continuam a ser marcas de tal país.


junho 08, 2010

6º GEH - Henry David Thoreau, Walden

“Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que tinha a me ensinar, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido”

(Capítulo 2 – “Onde, e para que vivi”, Walden)

O projeto Estudos Humanistas propõe-se a fomentar o cultivo do livre pensamento e o aprofundamento em temáticas que contribuam para uma formação mais humana dos estudantes, assim como da comunidade em geral. Por meio de círculos de leituras, nosso grupo de estudos discute algumas obras clássicas dos séculos XIX e XX.
Ainda dentro do tema de 2010 (Liberdade), mas também se relacionando com nosso ciclo deste mês de Junho, sobre Cultura Americana, nesta semana leremos “Walden, ou A Vida nos Bosques”, a obra-prima do escritor americano H. D. Thoreau (1817-1862).
Qual é a liberdade desejada por Thoreau? De que maneira sua filosofia de vida demonstra um individualismo anárquico e, ao mesmo tempo, uma defesa apaixonada da natureza? Qual a sua influência sobre o pensamento social e filosófico americano?

Sugestão de leitura: capítulos 1 (“Economia”), 2 (“Onde, e para que vivi”), 3 (“Leituras”), 5 (“Solidão”), 6 (“Visitantes”), 11 (“Leis superiores”), 12 (“Vizinhos irracionais”) e 18 (“Conclusão”).
 Obs.: Os mais importantes para a discussão estão em itálico. O texto está na pasta 11 da xerox da FA.  

Sexta-feira, 11 de Junho, às 15h, na Sala de Reuniões do IPOL.

Próximas atividades do ciclo sobre Cultura Americana:

14/6 – Colóquio sobre “On The Road”, Jack Kerouac – Café Senhoritas, 408 Norte, às 20h
21/6 – Colóquio sobre “O Apanhador no Campo de Centeio”, J. D. Salinger - Café Senhoritas, 408 Norte, às 20h
24/6 - Exibição e debate sobre o filme "Johnny vai à Guerra", Dalton Trumbo - em parceria com o PET/POL, às 12h, na sala A1-04 da FA
28/6 – Exibição e debate sobre o filme “Na Natureza Selvagem”, Sean Penn