março 07, 2010

O Pioneirismo de La Boétie

Sexto colóquio, realizado em 26 de Fevereiro.

1. Biografia
- Étienne de La Boétie nasceu em Sarlat, no ano de 1530.
- Estudou Direito na Universidade de Orléans, que era um dos principais centros de estudos jusnaturalistas à época.
- Amigo de Michel Montaigne, outro importante humanista francês. Como La Boétie não publicou nenhuma obra em vida, Montaigne herdou e compilou seus manuscritos.
- Seu "Discurso sobre a servidão voluntária" foi utilizado por huguenotes para a defesa da tolerância religiosa, em uma versão resumida e modificada, cujo título era "O Contra Um".
- Morreu com apenas trinta e dois anos, em 1563, provavelmente vítima de uma peste que assolava a França.

2. "Discurso sobre a servidão voluntária"


- Uma tentativa de psicologia social: por que a população conduz tiranos ao poder? Há uma passividade generalizada perante o Estado.
- Demagogos utilizam o medo e a ordem como justificativas para o estabelecimento de ditaduras. A liberalidade e a propaganda ideológica são alguns dos meios empregados para obter o consentimento popular.
- Até que ponto a segurança é preferível a uma vida livre? A liberdade é uma condição natural do homem, e deve ser defendida. Os direitos naturais legitimam uma resistência a governo tirânicos.
- O problema central da filosofia política é o mistério da obediência civil. Todo governo sustenta-se em um consentimento da maioria, seja esta silenciosa ou não. Qual seria, portanto, a estratégia mais adequada para impedir que o Estado se torne despótico?
- Lutar pela liberdade é se sacrificar pela manutenção da felicidade, é evitar uma vida desagradável. A liberdade é um bem tão grande que, quando perdida, todos os males acontecem e os bens remanescentes são enfraquecidos, corrompidos pela servidão. Acima de tudo, basta querer ser livre para sê-lo.
- No combate, os livres disputam pelo melhor, cada qual pelo bem comum e por si, contribuindo tanto na derrota quanto na vitória. Já os subjugados perderam não só a liberdade, como também a valentia e a vivacidade.
- Há três espécies de tiranos, de acordo com o meio pelo qual chegam ao poder: eleição do povo, força das armas e sucessão hereditária. Todos são cruéis e têm seus vícios, sendo impossível escolher qual representa um mal menor.
- A 1ª razão da servidão voluntária é o costume. É da natureza do homem querer consrvar o hábito que lhe foi dado pela criação. Portanto, os homens servem de boa vontade porque nasceram servos e foram criados como tais.
- Teatros, jogos, farsas, espetáculos, lutas de gladiadores etc.: eis os atrativos da servidão. O "pão e circo" distrai o povo da opressão.
- Júlio César, infelizmente pouco criticado e muito exaltado até hoje, foi um exemplo clássico de "doçura venenosa" que revoga as leis e a liberdade; sua suposta humanidade foi vista como efeito amenizador de sua conduta ditatorial.
- Há povos que caem por dinheiro. Em outros casos, a religião é o recurso dos tiranos, como proteção e legitimação.
- A criação de cargos cria novos sustentáculos da tirania. Os servidores muitas vezes são piores que seus amos; são ambiciosos e bajuladores. Além disso, é uma forma de vida lamentável, pois instável e pouco segura para ambos os lados.


3. Influência


- La Boétie pode ser considerado como o 1º filósofo político libertário do Ocidente. Um dos primeiros advogados da desobediência civil e pacífica.
- Movimento libertário contemporâneo. Autores como Rothbard resgataram La Boétie para a crítica o Estado e a defesa da liberdade.


Utilizei a 2ª edição do livro (2009), pela editora Revista dos Tribunais.

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